Por Rosane de Oliveira
Desde que a reeleição foi instituída, nunca se teve tantos
prefeitos desistindo do segundo mandato como neste ano. Os números ainda estão
sendo fechados pela Confederação Nacional dos Municípios e serão conhecidos
após o encerramento do prazo para as convenções, mas o presidente da entidade,
Paulo Ziulkoski, adianta que os dados preliminares mostram um alto índice de
desinteresse pela reeleição.
Ziulkoski aponta um rosário de motivos para explicar por que
tantos prefeitos estão abandonando a vida pública: a crise que paralisa as
prefeituras, o rigor dos órgãos de fiscalização, a falta de flexibilidade para
gerenciar as verbas públicas, o risco de ficar com os bens indisponíveis por
algum erro administrativo e a ingerência de juízes e promotores, "que
acabam mandando mais do que o prefeito".
— A qualidade dos eleitos vai piorar. Só louco para ser
candidato — exagera Ziulkoski, lembrando que as prefeituras estão asfixiadas
pelo aumento da demanda por serviços públicos, sem o correspondente aumento da
receita.
As ordens judiciais determinando que o prefeito arranje vaga
em creche ou em unidade de terapia intensiva estão entre os motivos que levaram
o prefeito de Caxias, Alceu Barbosa Velho (PDT), a desistir da reeleição. A
maioria dos que abrem mão de disputar a reeleição alega que o segundo mandato
seria pior do que o primeiro.
O presidente do PP,
Celso Bernardi, diz que seu partido não está enfrentando dificuldade para
encontrar candidatos, mas reconhece que aumentou o índice dos que não querem
disputar a reeleição. Sem dinheiro, boa parte dos prefeitos não conseguiu
cumprir as promessas de campanha e está desistindo porque sabe que não tem como
se reeleger.
Há um fator adicional para desestimular as candidaturas a
prefeito e a vereador: a dificuldade para financiar as campanhas com a
proibição às empresas de doarem recursos aos candidatos.
Fonte: Zero Hora
Nenhum comentário:
Postar um comentário