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domingo, 24 de julho de 2016

SESSÃO NOSTALGIA - JUSSARA MARQUES, MISS BRASIL 1949

Jussara Marques, Miss Brasil 1949, 
na capa de uma das mais prestigiadas
 revistas brasileiras da época,
 Vida Doméstica, agosto de 1949 
Por Daslan Melo Lima

O CONCURSO MISS BRASIL 1949

Treze moças de várias regiões brasileiras disputaram o título de Miss Brasil 1949, realizado no Hotel Quitandinha, Petrópolis, no dia 12 de junho de 1949:

Miss Acre - Glória Blemen
Miss Amazonas - Maria Amália Ferreira
Miss Espírito Santo - Yedda Finamore
Miss Estado do Rio – Cora Laterça
Miss Distrito Federal - Marina Cunha
Miss Goiás – Jussara Marques
Miss Maranhão - Norma Guedes
Miss Minas Gerais – Maria da Glória Drummond
Miss Pará - Brigitte Riebsch
Miss Paraná – Josemary Caldeira
Miss Pernambuco – Maria Auxiliadora Manguinhos
Miss Rio Grande do Sul - Myriam Hartz
Miss São Paulo – Margarida Frussa

A favorita era a carioca Marina Cunha, Miss Distrito Federal, mas a vencedora foi Jussara Marques, Miss Goiana, e assim ficou o resultado:
1º Lugar: Miss Goiás, Jussara Marques
2º Lugar: Miss Distrito Federal, Marina Cunha
3º Lugar: Miss São Paulo, Margarida Frussa
4º Lugar: Miss Amazonas, Maria Amália Ferreira

Maria da Glória Drummond, Miss Minas Gerais, casou-se com o colunista Ibrahim Sued (1924-1995), e se tornou grande figura de destaque da sociedade carioca com o nome de Glorinha Sued.

 JUSSARA, UM BROTINHO GOIANO

Jussara Marques, cujo nome às vezes aparece escrito nos meios de comunicação da época como Jussara Marquez, com “z”no final, era filha do casal Ormides Martins de Souza e Isaura de Souza Martins, nasceu em Itumbiara, Goiás, e foi morar em Goiânia em 1941, na Rua 02. Jussara Marques foi Rainha dos Estudantes, vice-Rainha da Primavera, Glamour Girl e Miss Goiás representando o Goiás Esporte Clube, patrocinada pelo jornal “A Folha de Goiaz”. No mesmo ano em que Jussara foi eleita Miss Brasil, sua família comemorou outro importante título de beleza: Jurema, a irmã caçula, foi eleita Rainha dos Esportes do Brasil. O reinado de Jussara Marques durou cinco anos, pois os brasileiros só conheceram outra Miss Brasil em 1954, quando houve novo concurso e a eleita foi a baiana Marta Rocha.

Todos se recordam do concurso de Miss Brasil de 1949, que polarizou as atenções de todo mundo, que escolhia sua candidata, fincava pé e fazia inimizades se aparecia um impertinente para dizer que fulana era a melhor do que beltrana. Marina Cunha, Miss Distrito Federal, era a candidata mais cotada para o título, inclusive pelos promotores do concurso e pelo Sr.Raul Guastini, seu cabo eleitoral nº 1. Mas houve um desentendimento entre Guastini e Marina. Os promotores do concurso ficaram aturdidos. Já se tinha como certa a escolha de Marina, como Miss Brasil. Mas Raul Guastini estava queimado e fez uma intervenção espetacular. Proibiu os mentores do Miss Brasil de eleger Marina. Se o fizessem...

- Quem pode ser Miss Brasil, meu Deus? - Esta era a pergunta dos promotores do concurso, quando alguém teve um estalo e gritou: - Jussara.
- Sim, Jussara!

Jussara Marques era exatamente um brotinho goiano, de 18 anos, de longos cabelos e beleza suave, ao mesmo tempo que exótica. O brotinho goiano recebeu faixa, título, presentes, propostas para o cinema, pedidos de casamento. Podia integrar-se na metrópole, casar com alguém bem posto na vida, ser estrela de filme de Lima Barreto. Não fez nada disso. Voltou à província. E há seis anos joga tênis, dá entrevistas e dirige seu Vanguard.
(Texto de Antônio Rocha, fotos de Gervásio Batista, revista MANCHETE,12/06/1954)

JUSSARA, NOME DE CIDADE EM GÓIAS

A cidade goiana de Jussara , a 240 km de Goiânia, tem esse nome em homenagem à Miss Brasil 1949, sugestão de Orozimbo Coimbra Bueno, pai de Jerônimo Coimbra Bueno, então Governador de Góias. A cidade de Jussara está localizada no oeste goiano e é um dos principais municípios da região. Tudo começou com a fundação da Colônia Agrícola Água Limpa, em terras do município da cidade de Goiás. Os primeiros colonos, Estevão Fernandes Rebouças e Limírio Neves de Mota, ergueram uma capela em louvor do Senhor Bom Jesus da Lapa, dando início ao povoado chamado de Água Limpa. Em 1950, o nome mudou para Jussara. No dia 12/11/1953, Jussara foi elevada a distrito. Emancipou-se em 14/11/1958. A agropecuária é a sua maior fonte de economia e a terra fértil propicia o cultivo da lavoura com grande êxito.

JUSSARA, UMA DAS GRANDES DAMAS DA SOCIEDADE DE BRASÍLIA

No segundo semestre de 1954, Jussara Marques casou-se na Igreja de Nossa Senhora das Dores, em Belo Horizonte, com o bancário Marcelino Champagnat de Amorim, seu primeiro e único namorado, natural de Patos de Minas.

Nos anos 70, morando em Brasília e gozando do imenso prestígio de ser uma das grandes damas da capital do país, Jussara posou para esta foto ao lado de três dos seus quatro filhos. Mulher ativa, elegante e inteligente, a Miss Brasil 1949 dividia o tempo com o lar, o tênis e a vice-presidência da Casa do Candango. (Foto: Revista FATOS & FOTOS,17/06/1974)

JUSSARA, A MORTE DE UMA MISS

 Jussara Marques morreu no dia 24/02/2006 e no dia seguinte o Diário de Goiás assim destacou o seu falecimento:

Mulher apaixonada pelas artes, atenciosa com a família e sem nenhuma vaidade. Apesar de ter entrado para a história do estado como a primeira e única goiana a ser eleita Miss Brasil, em março de 1949, Jussara Souza Marquez de Amorim era simples, não se apegava a bens materiais. Os sentimentos eram mais importantes. Ontem, aos 74 anos, morreu e deixou filhos, netos e parentes conscientes desses valores.

Jussara vivia no bairro de São Conrado, no Rio de Janeiro. A sua companhia era o filho Vinícius Marquez, 40. Ele era motivo de orgulho por se tornar teatrólogo. Assistir às peças dele era como um presente para a Miss Brasil. Desde jovem, ver as cortinas se abrirem a encantava. “Minha mãe era uma artista. Sempre gostou de tudo relacionado a área cultural. Artesanato era um de seus dons”, descreveu a jornalista Paula Marquez, 42, por telefone, durante o velório no Cemitério do Caju.

O último pedido de Jussara foi para que os familiares jogassem suas cinzas no mar carioca. A cremação seria hoje de manhã. A cerimônia de despedida não tem data marcada por causa do carnaval. “Nessa época o Rio de Janeiro pára”, justificou Paula, que se consolou logo em seguida. “Pelo menos minha mãe não sofreu”, disse. A Miss Brasil morreu de câncer. A doença, descoberta no final do ano passado, se espalhou do pulmão para outros órgãos em pouco mais de um mês.

Após se emocionar outra vez, Paula lembrou das atividades de Jussara. “Ela viajava o País inteiro para negociar obras de artes”, disse. Era fã de Van Gogh. Na literatura, se deliciava com o chileno Pablo Neruda. O verso “Dois amantes felizes não têm fim nem morte, nascem e morrem tanta vez enquanto vivem, são eternos como é a natureza”, do poema Walking Around, pode ser usado para traduzir o pensamento da filha ao se recordar da mãe e do pai, Marcelino de Amorim, que morreu há 13 anos.

 
Foto: Revista Manchete, 04/07/1959
A única Miss Brasil por Goiás deu nome ao município de Jussara (a 223 km de Goiânia). Na época, era o povoado de Água Limpa. “Ela ficou muito agradecida, disse que foi maravilhoso”, conta Paula. A filha lembrou que a mãe ganhou uma fazenda na região, mas nunca tomou posse da terra. “Não importava o dinheiro. O carinho recebido nas homenagens a emocionava.

Paula disse que Jussara aproveitou o período em que foi eleita Miss Brasil, mas que não serviu de pretexto para alimentar o ego. “O que passou, passou. Depois foi cuidar da vida, teve quatro filhos”, contou. Gostava de preparar comidas típicas de Goiás, como arroz com pequi e empadão goiano. Os netos eram muito paparicados. Ao se casar em 1954, mudou-se para Belo Horizonte (MG). Depois, morou no Rio e Distrito Federal. O marido era bancário. A paixão pelas terras cariocas falou mais alto e por lá ficou até a morte. “Mas sempre visitava Goiânia, onde tem parentes”, ressaltou.

EPÍLOGO

 Jussara tinha orgulho de suas raízes e em entrevista ao repórter Antônio Rocha (Manchete, 12/06/1954) declarou:

Tenho raiva de quem fala mal de Goiás. Logo que eu cheguei ao Rio briguei com Halfed – o fotógrafo, sabe? - porque ele me perguntou se era verdade que uma onça comera o porteiro do cinema. Respondi-lhe que em Goiás os cinemas não tinham mais porteiros. Tantos botassem tantas as onças comiam.

Imagino o orgulho de quem nasce na cidade de Jussara explicando a origem do nome da sua cidade natal. Deve ser mais ou menos assim:  Sou de Jussara, com dois “s”. Juçara com “ç” é nome de palmeira. O nome da minha cidade homenageia Jussara Marques, uma jovem linda que foi eleita Miss Brasil 1949.
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P.S.: Saiba mais sobre o concurso Miss Brasil 1949 neste link :

http://passarelacultural.blogspot.com.br/2012/03/sessao-nostalgia-seccao-em-construcao_31.html

Fonte: Passarela Cutural

Um comentário:

  1. Por causa dela tenho esse nome. Minha não conhecia o nome, no concurso de Miss Brasil ela ficou conhecendo e quando nasci ela pôs em mim

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